Compositor: Anonimo / Tito Fernández
Conheceram o Mañungo?
Certamente que não
Era um menino do meu bairro
Que, em minha época de garoto
Conheci numa partida
Que jogávamos, um dia
Com os garotos do quarteirão
Que fica atrás do meu
Parecia sempre doente
Porque tossia e tossia
E por isso na partida
Quase nunca o colocavam
Diziam que era muito fraco
Que pra chutar não servia
E que se alguém o fechava
Não aguentava e caía
Nunca foi amigo de ninguém
Porque ninguém gostava dele
E quando depois da aula
Armávamos a partida
Ele ficava olhando
Desde fora da quadra
Esperando a revanche
Para ver se o colocavam
Parece que eu o vejo
Olhando-nos jogar
Com as mãos nas costas
Sua vergonha disfarçava
Ainda que ás vezes não aguentava
E, quase a ponto de chorar
Olhava como quem diz
Eu também quero jogar
Era direito o mañungo
E no dia que eu me agarrei
Foi o único que ao meu lado
A socos e pontapés
Me defendeu como pode
E aguentou melhor que eu
Os socos que nos deram
Entre todos, a nós dois
Perdão se os entristeço
Contando a vocês estas coisas
Mas amigo como aquele
Não volto a ter jamais
Foi por isso que chorei
Como homem que era, e que sou
O dia que, para sempre
Aquela tosse o levou
O Mañungo foi meu amigo
E por isso o relembro
Se as vezes quase o vejo
Quando me ponho a pensar
Lá fora da quadra
Sua vergonha disfarçada
Dizendo com o olhar
E quase a ponto de chorar
Pessoal, o que foi?
Eu também quero jogar